Por: Osho
Alguém insultou você — a raiva irrompe
de repente e você fervilha de raiva. A raiva está fluindo na direção da
pessoa que o insultou. Agora você projetará toda essa raiva sobre o
outro.
Ele não fez nada. Se insultou você, o que ele fez de fato? Só lhe deu
uma alfinetada, ajudou a sua raiva a aflorar — mas a raiva é sua.
O outro não é a fonte; a fonte está sempre dentro de você.
O outro está atingindo a fonte, mas, se não houvesse raiva dentro de
você, ela não poderia aflorar. Se você bater num buda, só provocará
compaixão, porque só existe compaixão dentro dele. A raiva não vai
aflorar porque não existe raiva.
Se você jogar um balde num poço vazio, ele voltará vazio. Se jogar um
balde num poço cheio de água, ele sairá de lá cheio de água, mas a água
será do poço. O balde só a ajudou a vir para fora.
Portanto, a pessoa que o insultou só está jogando um balde em você, e
ele sairá de lá cheio de raiva, do ódio ou do fogo que existe em você. Você é a fonte, lembre-se.
Para praticar esta técnica, lembre-se de que você é a fonte de tudo o que projeta sobre os outros.
E sempre que sentir uma disposição a favor ou contra, no mesmo instante
volte-se para si e busque a fonte de onde o ódio está partindo.
Fique centrado ali; não dê atenção ao objeto. Alguém lhe deu a chance de
tomar consciência da sua própria raiva; agradeça-o imediatamente e
esqueça-o. Feche os olhos, volte-se para dentro e agora olhe a fonte de onde esse amor ou essa raiva está vindo.
De onde ela vem? Vá para dentro de si mesmo, volte-se para dentro. Você descobrirá ali a fonte, pois a raiva está vindo dali.
O ódio, o amor ou seja o que for, tudo vem da sua fonte. E é fácil encontrar a fonte
quando você está com raiva, ou sentindo amor, ou cheio de ódio, porque
nesse momento você está quente. É fácil voltar-se para dentro nessa
hora.
A fiação está quente e você pode senti-la dentro de você e se guiar pelo
calor. E, quando atingir um ponto frio interior, descobrirá de repente uma outra dimensão, um mundo diferente abrindo-se para você. Use a raiva, use o ódio, use o amor para mergulhar em si mesmo.
Um dos maiores mestres zen, Lin Chi, costumava dizer: "Quando eu era jovem, adorava andar de barco. Eu tinha um barquinho e remava sozinho num lago. Eu ficava ali durante horas.
"Uma vez, eu estava no meu barco, de olhos fechados, meditando, numa
noite esplêndida. Então um outro barco veio flutuando, trazido pela
corrente, e bateu no meu. Meus olhos estavam fechados, então eu pensei.
'Alguém bateu o barco no meu'. Enchi-me de raiva.
"Abri os olhos e estava a ponto de vociferar algo para o homem, quando percebi que o barco estava vazio!
Então não havia onde descarregar a minha raiva. Em quem eu iria
extravasá-la? O barco estava vazio, à deriva no lago e tinha colidido
com o meu. Então não havia nada a fazer. Não havia possibilidade de
projetar a raiva num barco vazio."
Então Lin Chi continuou: "Eu fechei os olhos. A raiva estava ali. Mas
não sabia como extravasar. Eu fechei os olhos simplesmente e flutuei de
volta com a raiva. E esse barco vazio tornou-se a minha descoberta. Eu
atingi um ponto dentro de mim naquela noite silenciosa. Esse barco vazio
foi meu mestre. E, se agora alguém vem me insultar, eu rio e digo: 'Esse barco também está vazio'. Fecho os olhos e mergulho dentro de mim".
Osho, em "Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa.
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