"Existem
dois tipos de mendigos: um é o mendigo pobre e o outro é o mendigo
rico, mas ambos são mendigos. Até agora, eu nunca vi um homem rico.
Existem muitas pessoas que possuem dinheiro, mas elas não são ricas,
elas também estão na corrida para agarrar o máximo que elas
puderem, do mesmo jeito como faz o mais pobre dentre os homens
pobres. Como um pedinte que segura tudo o que tiver com as mãos bem
apertadas, também o homem que tem o maior dos cofres segura com as
mãos apertadas tudo o que ele tiver. A avareza deles é a mesma e
assim a pobreza deles também é a mesma.
Você
não tem riqueza. Ninguém a tem. Por isso eu não insisto que você
tenha que abandoná-la. Como você pode deixar alguma coisa que você
não tem? Eu não lhe digo para desistir da sua vida - você nem
mesmo tem isso. Como você pode ter alguma coisa, se nem mesmo tem
consciência dela? E a cada momento você fica tremendo de medo da
morte. Se você fosse a própria vida, por que você estaria com medo
da morte?
A
vida não tem morte alguma. Como a vida pode tornar-se morte? Mas
você está tremendo de medo da morte. A cada momento a morte está
rondando você. Você está tentando se salvar por qualquer caminho
possível, para que você não desapareça, para que você não
morra, para que você não chegue a um fim. Mesmo a vida, você não
a tem.
É
por isso que eu não irei lhe pedir para desistir da sua vida. Como
você pode dar alguma coisa que você não tem?
Eu
só irei pedir aquilo que você tiver. E eu irei pedir aquilo que
todos têm. Assim como eu disse que a busca de todo mundo é por
alegria, também existe algo que todos têm em abundância: o
sofrimento. Você tem uma quantidade suficiente de sofrimento, mais
do que você precisa. Por muitas vidas você nada mais tem
colecionado a não ser sofrimentos. Você colecionou pilhas disso.
Mesmo o monte Everest parecerá pequeno se for comparado com as
pilhas de problemas que você tem colecionado. Esse é o trabalho de
suas muitas vidas; você nada tem ganho, exceto problemas. Mesmo
agora você os está ganhando.
Eu
gostaria que você largasse seus problemas, renunciasse aos seus
problemas. Ninguém jamais pediu os seus problemas, mas eu estou
pedindo. E se você puder desistir de seus problemas, aí o caminho
para a alegria poderá ser aberto. E se você conseguir abandonar os
seus problemas, você irá perceber que aquilo que você pensava ser
problema nada mais era que ilusão. E os seus problemas não o
estavam segurando; você é que os estava segurando. Mas uma vez que
você os deixe ir, você irá saber então quem estava segurando
quem.
Você
está sempre perguntando como conseguir livrar-se do sofrimento.
Perguntando assim, parece que o sofrimento o está segurando e você
quer livrar-se dele. Se o sofrimento estivesse lhe segurando, então
não seria possível você se livrar dele, porque a posse não
estaria em suas mãos, mas nas mãos do sofrimento. Você seria
impotente. E se depois de tantas vidas você ainda não conseguiu
tornar-se livre, então como conseguir tornar-se livre agora?
Eu
digo a você que o sofrimento não o está segurando; você é que
está segurando o sofrimento. E se você puder fazer uns
experimentos, aceitando o que eu estou dizendo, você irá
compreender por si mesmo. E não apenas você compreenderá isso, mas
você irá experienciar uma entrega; você saberá como o sofrimento
pode ser abandonado. E quando tornar-se bom na arte de abandonar o
sofrimento, você irá perceber o que estava arrastando consigo. E
ninguém, a não ser você, era responsável por isso. Por qualquer
coisa que você tenha experienciado como sofrimento, nenhuma outra
pessoa pode ser responsabilizada. Esse era o seu desejo: você queria
sofrer. Tudo o que nós desejarmos será permitido. E tudo o que você
é, é o fruto dos seus desejos. Nem Deus é responsável, nem a
sorte; ninguém tem motivo algum para lhe causar problemas.
A
verdade é que a existência está sempre querendo fazer você ficar
alegre. Toda essa existência quer que a sua vida se torne um
festival... porque quando você está infeliz, você também sai
atirando infelicidade por toda a sua volta. Quando você está
infeliz, o mau cheiro de suas feridas alcança toda a existência. E
quando você está infeliz, a existência também sente dor. Todo
esse mundo sente dor quando você está infeliz e sente alegria
quando você está alegre. A existência não deseja que você deva
ser infeliz. Isso seria suicídio para a própria existência. Mas
você está infeliz e para se tornar infeliz você teve que fazer
toda sorte de arranjos. E enquanto isso não for destruído, você
não será capaz de abrir os seus olhos para a felicidade." (
Osho )
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